terça-feira, 8 de junho de 2010

Metrô alterna frota de 35 anos com trens 2010


05/06/2010 - G1 SP

Trens de última geração que estrearam no Metrô de São Paulo em 2010 dividem linhas e estações com veteranos em circulação desde a década de 1970. A fórmula permite aos passageiros uma viagem no tempo: máquinas 'retrô' em estações de arquitetura futurista ou vagões novos que lembram filmes de ficção em plataforma onde os relógios ainda são mecânicos, como na década de 1980.
Até bem pouco tempo conhecidas apenas pelos nomes dos fabricantes, as oito frotas atualmente em circulação no Metrô de São Paulo já atingiram diversidade suficiente para ser catalogadas por letras, que vão de A - a mais antiga, de 1970 - a H -, a mais recente.
Exemplo: em operação comercial desde 1974, a linha 1 - Azul, que liga o Jabaquara, na Zona Sul, ao Tucuruvi, na Zona Norte, tem trens da primeira geração (A) e da última (H), de 2010. A frota G, de 2009, roda na linha 2- Verde, sob a Avenida Paulista. Exclusividade mesmo só na Linha 4 - Amarela, onde os trens e estações de última geração são operados por uma concessionária.
Um trem novo pode circular na mesma linha do antigo e vice-versa. Não há nenhuma restrição de rodagem. Eles têm o mesmo sistema de controle automático e um reconhece o outro, diz o engenheiro Walter Castro, que estreou na companhia como estagiário em 1979 e hoje é responsável por toda a manutenção do Metrô.
De acordo com ele, o critério de uso das composições é o da disponibilidade no horário. Os trens mais novos são colocados primeiro na linha, mas nos momentos de maior demanda, todos estão circulando.
Castro conta que o Metrô de São Paulo nunca aposentou, sucateou ou vendeu composições a terceiros. Tampouco fez como o Metrô de Nova York, que afundou vagões na baía para formar bancos de coral.
Diante de metrôs que têm cem anos de idade mundo afora, podemos dizer que estamos na puberdade. Nossos trens são todos operacionais, há obsolecência de equipamentos neles e a gente vem desenvolvendo programas de trocas desses equipamentos, afirma Castro.
Mudanças até 2014
O gerente de manutenção do Metrô afirma que até 2014 as diferenças tecnológicas e de conforto entre trens modernos e antigos ficarão cada vez menores. Até 2011 todos devem estar equipados com o sistema CTBC (Controle de Trens Baseado em Comunicação), o mesmo que equipa a Linha 4 - Amarela. Esse sistema faz com que seja possível colocar mais trens em uma mesma linha e mais próximos uns dos outros, com aumento da oferta de viagens. Também terão novos padrões de acessibilidade, ar condicionado e câmeras de segurança.
Nós fizemos uma avaliação nesses trens de 30 anos e como a estrutura deles é de aço inox e estava muito boa, a melhor opção para economizar entre 30% e 40% foi manter a carcaça, chassis e motor. Optamos por mudar os equipamentos de tração e de comunicação e dar um banho de loja, trocar toda a parte interna do salão para modernizar, dar mais conforto ao usuário e colocar ar condicionado, afirmou. Ele considera que a atualização vai preparar os trens da década de 1970 para rodar por pelo menos mais 30 anos.
Para quem se surpreende com o fato de os novos trens da Linha 4- Amarela dispensarem condutor, Castro afirma que a única diferença entre essas novas composições e as antigas é que elas dispõem de tecnologia embarcada que permite o automonitoramento e oferta de soluções para controle à distância.
O primeiro paradigma quebrado no Metrô foi na primeira frota, com a colocação do sistema de controle automático de trens, sistema que só existia até então em São Francisco, nos Estados Unidos. Na verdade todos os nossos trens andam sozinhos. A diferença é que têm um operador e se alguma coisa ocorre de anormal, se algum usuário interfere com a passagem do trem, esse operador interfere e segura o trem.
Inovações a cada década
Castro faz uma lista dos avanços tecnológicos introduzidos no Metrô ao longo de quatro décadas. Em 1970, além do controle automático de trens, o Metrô de São Paulo - primeiro do país - havia uma nova tecnologia de tração. Na década de 80, os trens da Linha 3 - Vermelha, que liga a Zona Oeste à Zona Leste, chegou com duas novidades: em vez da eletrônica tradicional, utilizava microprocessadores para gerenciar os sistemas de tração e comunicação, além de um novo sistema de suspensão, primária e secundária.
Na inauguração da Linha 2, em 2000, os trens já tinham freios ABS, sistema que impede o travamento de rodas e equipa quase exclusivamente veículos de luxo. Graças ao avanço da eletrônica de potência, as novas frotas chegam com sistema de tração que em vez de corrente contínua utiliza corrente alternada.Com público de 3,6 milhões de passageiros por dia, o Metrô de São Paulo tem 768 vagões que se dividem em 128 composições ao longo de 62,3 km de rede. A velocidade comercial varia de 33 km/h na Linha 1 - Azul a 40 km/h na Linha 5- Lilás e deve chegar a 60 km/h na Linha 4 - Amarela, a mais recente.
Castro afirma que a manutenção é baseada na mesma filosofia da manutenção aeronáutica - prioridadade quase absoluta para a prevenção de problemas e bom suporte para a correção. Castro afirma que para cada trem que chega, os técnicos são submetidos pelo fornecedor a 40 horas de treinamento em cada um de seus 12 sistemas integrados. Depois disso, recebem ainda outras cargas de treinamento pelo Metrô que variam entre 40 e 200 horas para cada sistema.

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