sábado, 11 de novembro de 2017

Novas estações da linha 5 Lilás do Metrô terão horário ampliado a partir de segunda-feira, 13

10/11/2017 - Diário do Transporte

Estação Borba Gato da linha 5 Lilás. Operações vão ser ampliadas gradativamente Foto: Gilberto 

Marques/A2img
Ainda faltam sete estações para a linha ficar completa. TCE analisa concessão à iniciativa privada

ADAMO BAZANI

A partir desta segunda-feira, 13 de novembro de 2017, as três estações da linha 5 – Lilás do Metrô de São Paulo, Alto da Boa Vista, Borba Gato e Brooklin, que foram entregues no dia 06 de setembro deste ano, vão ter horário de funcionamento ampliado.

A operação será das 09h às 16h, de segunda-feira a sábado, inclusive feriados. Só não há funcionamento aos domingos.

Atualmente, o novo trecho funciona das 10h às 15h.

Segundo o Metrô, em nota, ainda não haverá cobrança de passagem entre estas três estações, e informa que gradativamente, como ocorre com a maioria dos sistemas metroviários do mundo, o atendimento será ampliado.



“Esta é mais uma etapa de implantação do novo trecho da Linha 5, com 2,8 km de extensão, e de maturação dos equipamentos e sistemas, como os de alimentação elétrica, sinalização, controle de tráfego e de telecomunicações. A operação nesse formato segue o padrão internacional para a abertura de novas estações de metrô. O horário será ampliado gradativamente até chegar ao funcionamento pleno, das 04h40 à meia-noite, como em toda a rede.”



A conclusão da linha 5 Lilás sofre grandes atrasos.

O primeiro anúncio do projeto da linha foi feito em 20 de junho de 1990 pelo Metrô, e havia três alternativas de trajeto: com saída da estação Paraíso, Saúde ou São Judas. Nenhuma delas se concretizou.

Em março de 1998 começou a construção do atual trajeto.

Inicialmente, as operações seriam pela CPTM – Companhia Paulista de Três Metropolitanos e o trajeto se chamaria Linha G.

Mas em 2001, o Governo do Estado de São Paulo transferiu a operação para o Metrô, passando a denominar o trajeto de linha Lilás.

O primeiro trecho, de 8,4 quilômetros de extensão, foi entregue à população em 20 de outubro de 2002, com operações das 10h às 15h.

Os horários foram prolongados muito lentamente. No dia 28 de outubro de 2002, passou a ser das 9h às 15h. Em 18 de novembro de 2002, das 8h às 15h. No dia 16 de dezembro de 2002, o horário de operação passou a ser das 7h às 16h. Somente em 5 de fevereiro de 2003, os trens passaram a operar das 6h às 20h. Em 4 de agosto de 2003, a operação passou a ser das 5h às 22h. Quase seis anos depois do início das operações, é que a linha 5 Lilás passou  a funcionar aos domingos e feriados em 10 de agosto de 2008.

A linha inteira deve ter as seguintes estações: Capão Redondo, Campo Limpo, Vila das Belezas, Giovanni Gronchi (Ligação com o futuro Pátio Guido Caloi), Santo Amaro (Acesso a Linha 9  da CPTM), Largo Treze, Adolfo Pinheiro, Alto da Boa Vista,  Borba Gato, Brooklin, Campo Belo (acesso ao previsto monotrilho Linha 17), Eucaliptos, Moema, AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz (acesso a Linha 1 Azul do Metrô) e Chácara Klabin(Acesso a Linha 2 Verde).

O governador Geraldo Alckmin prometeu entregar ainda neste ano as estações Eucaliptos, Moema, AACD-Servidor, Hospital São Paulo, Santa Cruz e Chácara Klabin, mas agora o metrô não crava mais data e diz apenas que a entrega será “nos próximos meses”. A estação Campo Belo, pela mais recente promessa, deve começar a funcionar no “início”de 2018, sem uma previsão mais concreta.

A operação da Linha 5-Lilás deve ser concedida à iniciativa privada, juntamente com a linha 17-Ouro de monotrilho. O modelo de concessão das duas linhas seria uma espécie de “subsídio cruzado”, já que sozinho o monotrilho não se sustenta. De acordo com projeção do próprio Metrô para a concessão, o custo para transportar cada passageiro no monotrilho é de R$ 6,71 por pessoa. A tarifa hoje é de R$ 3,80. Só para comparação, para a ViaQuatro, concessionária da linha 4 Amarela, o governo transfere R$ 4,03 por passageiro, contando integrações com linhas públicas e gratuidades. Ou seja, o sistema de monotrilho terá custo de operação mais alto que a mais moderna linha de metrô de fato hoje em operação.

O atual projeto da linha 17-Ouro previa 17,7 quilômetros de extensão, com 18 estações entre Jabaquara, Aeroporto de Congonhas e região do Estádio do Morumbi ao custo de R$ 3,9 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Agora, serão oito estações apenas. Assim, os trechos entre Jabaquara e a Aeroporto de Congonhas e entre depois da Marginal do Rio Pinheiros até a região do Estádio São Paulo-Morumbi, passando por Paraisópolis, estão momentaneamente descartados.

Mesmo que a linha fosse completa, pela característica do modal inserido na realidade operacional de São Paulo, o monotrilho continuaria dando prejuízo.

O monotrilho está menor e vai ficar mais caro.  Ainda quando era projetado para ter 18 estações em 17,7 quilômetros, custo do monotrilho do Aeroporto (como chegou a ser chamado) era de R$ 3,9 bilhões com previsão de entrega total em 2012. Agora, o orçamento ficou 41% mais caro somando R$ 5,25 bilhões com a previsão para a entrega de somente 8 estações até 2018. Em 2010, o custo do quilômetro era de R$ 177 milhões. Em 2015, o custo por quilômetro seria de R$ 310 milhões e no primeiro semestre de 2016 foi para R$ 325 milhões.

MONOTRILHO VAI PUXAR PARA BAIXO PREÇO DE CONCESSÃO:

A linha 5-Lilás de Metrô, quando completa deve transportar em torno de em torno de 855 mil passageiros por dia até 2020 e tende a ser lucrativa.

O monotrilho vai contribuir para jogar para baixo o valor da concessão por causa desse prejuízo que causará ao operador e confirmada pela própria Companhia do Metropolitano.

Pelas regras inicialmente previstas no primeiro edital, a empresa ou consórcio que quiserem operar o metrô e o monotrilho devem oferecer, no mínimo, lance de R$ 189,6 milhões.

A duração do contrato deve ser de 20 anos e os vencedores receberão a parte correspondente das tarifas à operação dos dois trajetos e também podem explorar comercialmente as estações.

O valor do contrato é de R$ 10,8 bilhões, correspondentes às receitas tarifárias de remuneração e às explorações comerciais das áreas livres das estações.

A empresa vencedora deve fazer investimentos nesse período de R$ 3 bilhões, entre modernização de espaços e frota nova.

O próprio Metrô admitiu que o sistema de monotrilho para a linha 17-Ouro é deficitário para o TCE – Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.

No dia 25 de setembro, o TCE suspendeu o procedimento de concessão da linha 5 Lilás do Metrô e da 17 – Ouro do monotrilho para realizar uma série de questionamento à Companhia do Metropolitano.

O leilão deveria ocorrer no dia 28 de setembro.

POSSÍVEIS IRREGULARIDADES E OS QUESTIONAMENTOS:

O Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo – TCE/SP , Antônio Roque Citadini, acatou o pedido da bancada do PT na Assembleia Legislativa e não autorizou o andamento da concessão até que todas as dúvidas sejam esclarecidas.

Há suspeitas de que as exigências do edital podem restringir a competitividade e, assim, causar prejuízos aos cofres públicos.

Outro questionamento do TCE – Tribunal de Contas do Estado de São Paulo sobre a linha 5 Lilás tem relação com as obras e a remuneração da concessionária que vai ser responsável pela operação.

Caso as integrações com as estações nas estações Santa Cruz e Chácara Klabin, das linhas 1 e 2, respectivamente, atrasem, o Metrô assumiu pagar uma espécie de “multa” para a futura concessionária. O Metrô chamou a possibilidade de pagamento de “remuneração contingencial”.

Seria uma espécie de dinheiro que daria segurança para evitar problemas de descumprimento de cronogramas, como ocorreu com a primeira PPP – Parceria Público Privada do Metrô de São Paulo, a construção da linha 4 – Amarela. A ViaQuatro cobrou na justiça R$ 500 milhões ao Metrô porque as obras da linha 4 atrasaram e a demanda projetada não se concretizou. Entretanto, a concessionária alega que fez os investimentos para esta demanda projetada.

Para atrair a iniciativa privada no leilão, o Metrô pretende pagar R$ 1,02 por passageiro transportado nos trechos sem as conexões entregues a tempo, caso as obras de transferências entre as estações não fiquem prontas até 2020.

Seria uma espécie de compensação à futura operadora em caso de atrasos nas obras.

O secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, diz não acreditar em atrasos significativos e que não será necessário usar a compensação.

Adamo Bazani, jornalista especializado em transportes